quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Primeiras pedaladas...

Finalmente criei o blog!!!

Ainda estou aprendendo a mexer nesse site, e a internet tá lerda, então aos poucos vou ajeitando as coisas aqui....

mas vamos ao que interessa:

No último sábado, dia 22 de janeiro de 2011, comecei a viagem que há tempos vinha sonhando e planejando. As últimas semanas antes de começar foram pura correria, organizando as coisas para a viagem, ajeitando a bicicleta, a ansiedade aumentando...

enfim, no sábado, o grande dia: bicicleta carregada (muito carregada!), café da manhã rápido (mas juro que foi a maçã mais demorada da minha vida!), ouvindo as últimas recomendações dos meus pais e, depois uma despedida emocionada na garagem e na calçada, aí sim: as primeiras pedaladas!
Desde o começo já achei que estava melhor do que imaginei quando via a bike carregada: apesar da aparência de que estava carregando a casa inteira, estava macia de pedalar e quase não sentia o peso.
Esse primeiro dia foi um passeio para me acostumar com o peso e o equilíbrio mudado da bicicleta. Passei por toda a orla do rio, de copacabana até o recreio, caminho lindo, com direito a algumas fotos de despedida da minha cidade maravilhosa (inclusive no elevado do joá, já que não quis encarar a estrada do joá...). Fui para o sítio das pedras, em vargem pequena, onde mora um casal de amigos, e tirando o fato de ter pego a estrada dos bandeirantes para o lado errado e andado uns 5km na direção errada, cheguei bem, por volta de meio dia.
Passei a tarde de sábado e o domingo no sítio, curtindo o laguinho e os amigos, rearrumando os alforges, colocando as coisas que entraram em cima da hora em seus devidos lugares e dando os últimos retoques na bicicleta....
Na segunda de manhã parti para Mangaratiba. Logo no começo, depois de um pedacinho plano, o desafio do dia: a primeira subida da viagem, na serra da grota funda, que separa o recreio de guaratiba, santa cruz, etc. quando cheguei no pé da serra estava nervoso pra ver como seria subir com tanto peso, mas no meio da subida já vi que era possível, que não era nenhum perrengue muito grande. Quando cheguei ao topo e vi que dali para frente era só descida, abri um sorriso do tamanho do mundo e pensei comigo mesmo: - depois dessa eu subo qualquer coisa, que venham os Andes!!! Heheh pode parecer idiota, mas no fundo era verdade, vi que era só questão de tempo e paciência. Era colocar na marcha leve e ir girando, o maior desafio era psicológico, e não físico...
Depois da serra, um baixadão até depois de Itaguaí, já na Rio-Santos, e aí começa o sobe-e-desce da Costa Verde. O caminho, velho conhecido, é lindo, a cada curva uma vista de tirar o fôlego, pedalando no meio da mata atlântica, um luxo! Cheguei em Mangaratiba por volta de meio dia, e o Oscar, que me hospedou, estava no trabalho até umas 16hs, então fui para a praia do saco, em Mangaratiba mesmo, pedi um PF em um restaurante em frente à praia e, enquanto saía a comida, fui dar um mergulho. Depois de comer, uma esticada embaixo de uma árvore na beirinha da praia, pra tirar um cochilinho e fazer a digestão... luxo.
Quando deu a hora, fui encontrar o Oscar, que conheci pelo Couch Surfing, e fomos para a casa dele, que tem uma varanda de frente para a enseada do centro de Mangaratiba. O cara é super gente fina e hospeda uma galera lá o tempo todo.
Na terça-feira, acordei cedo e dá-lhe estrada de novo... de Mangaratiba até Angra eram só 50km, bem menos que os 80 do dia anterior, mas acabei levando quase o mesmo tempo. Muuuita subida, bem cansativo, mas com as vistas pro mar, maravilhosas, e a cada 500 metros, um riozinho, mina d’água ou cachoeira... pedalar pela Rio-Santos é um espetáculo por si só...
Em Angra, fiquei na casa do Francisco, pai do Ian, meu cunhado e da Kátia. Casal gente finíssima, e com uma casa linda. Mais uma vez, varandão com vista pro mar... à tarde fui para a praia do Café, dentro do próprio condomínio, que era uma delicinha, pequena, sem ondas e com uma água deliciosa. À noite ficamos conversando sobre a vida em Angra e no Rio, e eles me contando que os maiores problemas deles lá são o bem-te-vi que canta às 5:30 da manhã, e a disputa pelas bananas das bananeiras do condomínio. Bons problemas, não? Vida mansa...
De manhã, na saída de angra, cruzei com a própria Kátia correndo (ela corre até a meia maratona!!), e depois de uns 10km rodados, lembrei que minha sunga ficou no banheiro (putz, primeiro esquecimento da viagem...típico!). já tinha pedalado muito pra voltar, então só mandei uma mensagem pra eles e segui viagem. Logo depois de Mambucaba, uma vila dos trabalhadores da usina nuclear de Angra, vi do outro lado da estrada um sujeito numa bicicleta carregada. Depois de um segundo de perplexidade, dei um grito e ganhei um amigo. Egon Mittelstatt está vindo do Rio Grande do Sul, rumo à Bahia. 4000km de pedal. Pra quem achava que eu era o único maluco que saía por aí numa bicicleta, vai aí uma foto do encontro.
Quando estávamos nos despedindo, Égon avisa que meu alforge estava aberto. Dei uma conferida e vi que estava tudo ali. Opa, tudo não! Cadê o papel higiênico? Tinha parado pra comer uns 2km antes e o bendito ficou pra trás. Depois de um momento de dúvida, resolvi voltar. Não pelo limpa-bunda, mas pelo saquinho que estava envolvendo o dito-cujo. Um saco preto com bolinhas douradas (!!!) que minha mãe me deu quando estava arrumando as coisas dizendo que era engraçado e diferente, então era fácil decorar o que estava dentro... e realmente é! Está sendo muito útil, mãe, apesar de até agora (benza) ainda não ter precisado apelar para seu conteúdo...
Na hora do almoço parei na praia de São Gonçalo (os niteroienses já vão perguntar: -pedalou isso tudo pra chegar em sangonça?? Pois é... mas essa São Gonçalo é uma praiazinha linda, de onde se pega um barquinho pra ir até a praia do pelado, espetáculo à parte... mais uma vez, almoço seguido de morgação para a digestão. De lá até Paraty, mais algumas subidinhas, vistões e cachoeiras e, quando cheguei ao trevo e olhei para o ciclocomputador (aparelhinho que marca velocidade, distância, etc.) vi lá: 100km rodados nesse dia. 300km no total! Marca bonita de se ver, fiz 100km sem sofrer tanto. Em Paraty fiquei na casa do Léo, amigo da UFF e meu xará. Outra casa linda, no centro histórico, atrás do atelier do padrasto e da mãe dele, e toda em madeira, meio colonial, com plantas, forno a lenha numa área aberta nos fundos e exalando arte. Obrigado a Margarida e Patrick pelo pouso!
Depois de um banho revigorante, fui ao banco e na volta comprei uma sunga pra substituir a esquecida (25 merréis de prejuízo pela seqüela...). jantarzinho gostoso e cama!
Finalmente chegamos a hoje!
Saí de Paraty mais tarde do que pretendia, pra variar, por volta de 8hs, e já no comecinho do dia, um subidão até a divisa com São-Paulo. São uns 20km de subida intercalada com umas descidinhas leves só pra descansar. Nos últimos 4km, até a divisa, subida sem parar. Marcha leve, respiração e pensamento longe pra não notar... no meio dessa última subida, parei pra tirar uma foto, e quando fui afastar os galhos de uma árvore que estavam na frente, vi que era uma goiabeira, cheia de goiabas verdes. Depois de tirar a foto, fui procurar uma madura e bingo! Achei só uma, mas estava deliciosa! Prestando atenção vi que naquele trecho a beira da estrada era uma fileira de goiabeiras e limoeiros, mas não tinha mais nada maduro. Continuei o pedal agradecendo a quem plantou aquelas árvores, que me deram sombra na subida e uma goiaba docinha.
Quando cheguei na divisa, pausa pra foto da plaquinha e delícia: um descidão de quilôooometros. No meio da descida, vi uma plaquinha: cachoeira da escada e já dava pra ouvir o barulhão de água. Não deu outra: parei pra dar uma olhada, e era bem do ladinho da estrada. Mergulho revigorante pra refrescar da subida, foto e pé no pedal... depois da descida, já no baixadão, vi outra plaquinha: Praia da Fazenda. A mãe do Léo tinha me dito que ia pra lá, e eu estava procurando uma praia pra parar pra almoçar, então decidi dar olhada. quando cheguei na guarita, perguntei se na praia tinha algum bar vendendo comida e um senhor me disse que tinha uma lanchonete, mas que hoje tava fechada... quase voltei pra estrada, mas decidi dar uma olhada. afinal, quem mora em Paraty não vai escolher uma praia qualquer pra ir. Quando cheguei na areia, fiquei pasmo: a praia era um paraíso! Praiazona enorme, com uma areia fininha, daquelas duras, e um marzão transparente, desses que você anda pro fundo por 5 minutos e a água ainda está na cintura... a praia é dentro de uma área de preservação (Parque Estadual da Serra do Mar), então em volta é tudo mato, preservadaço, e a praia quase vazia.... lindo!
Fiquei horas lá, mergulhando, lendo, escrevendo, tirando fotos... só saí quando a fome apertou e a hora me dizia que tinha que voltar pra estrada e procurar algo pra comer. Na volta pra guarita, onde tinha deixado a bici, surpresa: a lanchonete tinha aberto. Perfeito, não precisava procurar outro lugar... comi um sanduíche natural com suco de Jussara com abacaxi (a Jussara é o açaí da mata atlântica, deliciosa, ameaçada de extinção e que faz parte de todo um processo de resgate cultural...) e mais uma empadinha de frango. Bucho cheio, ducha tomada, ganhei um cafezinho dos guardas do parque e pé no pedal...
Mais subidinhas, descidinhas, mas a pedalada não rendia... e não era por falta de pernas, mas por excesso de boniteza... a cada 5 minutos tinha que parar para tirar umas fotos da vista, que era espetacular! Se disserem que elogiei São Paulo, nego até a morte, mas essa região de Ubatuba é linda! Depois de várias fotos e um bocado de estrada, cheguei a Ubatuba, onde estou agora, na casa da mãe da Uschi, amiga da geografia da UFF. Jantar mineiríssimo, frango com quiabo, banho num chuveirão de quintal delicioso, e um bom papo com a Sônia, mãe da Uschi, e muito gente boa. Mais um pouso em casa de amigos que nem estão por aqui. Obrigado a essas boas almas que abrem suas casas aos amigos dos filhos...
E cá estou, cada vez mais encantado com as belezas desse mundo, aproveitando cada momento e cada curva dessa estrada e finalmente conseguindo postar nesse blog!
=) até mais, amigos! E estou vivo sim, mais do que nunca!