terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bom dia Pessoal,

Antes de falar sobre a viagem, queria agradecer a todos os comentários que vocês deixaram aqui no blog. É muito emocionante ler tantas mensagens de incentivo e de amor a quilômetros de distância, ainda mais quando se viaja sozinho...

Quero agradecer também ao Rodrigo, meu primo, pela primeira contribuição à vaquinha da viagem!!!
Brigadão rapaz, vai me ajudar muito!

E de quebra agradeço também a todo mundo que tem me hospedado ou corrido atrás de hospedagem pra mim (salve santa jojo!).

Mas vamos ao que interessa:

Saí de Ubatuba no dia 28 meio tarde, pra variar, por volta de umas 8 e pouco... Queria chegar cedo a São Sebastião para atravessar logo para a Ilhabela, a tempo de procurar um pouso. Como não pretendia ir à ilha, não tinha corrido atrás de lugar pra ficar, e teria que ver na hora.

No caminho não parei muito, só o suficiente pra descansar, comer e dar uma refrescada (descobri que por aqui se bebe caldo de cana com limão). No caminho estava literalmente derretendo. Acho que nunca tinha suado tanto na minha vida. Quando vinha uma subida, que além de ter que fazer mais esforço não tem vento pra refrescar, eu me sentia um frango de padaria cozinhando com o sol por cima e o asfalto incandescente por baixo...

Chegando em São Sebastião, enquanto almoçava num serve-serve desses que você come a vontade (ô luxo!), descobri o porque: o dono da birosca comentava com um amigo que estava fazendo 41 graus!!! Ô idéia de gerico pedalar com mais de quarenta graus!!!

Depois de me empanturrar no almoço boca-livre, fui tomar um sorvetinho (tava sonhando com um sorvete desde de manhã, antes mesmo do sol esquentar tanto). Era uma dessas sorveterias chiquezinhas com 500 mil sabores e a peso, então fui colocando uma lasquinha de cada tipo, de uns 10 sabores pra comer o máximo possível e ficar baratinho. Ficou uma delícia, cada colherada era uma surpresa...

Depois da orgia gastronômica, me arrastei até a balsa para Ilhabela. A distância é um menor que Rio-Niterói, mas o canal é mega profundo ( algo como 60 ou 90 metros, não lembro, e passam vários navios. Tem até um terminal da Petrobrás no lugar, com mega petroleiros desembarcando óleo...

Enfim, a balsa é daquelas que carrega carro, caminhão, moto, gente, cachorro, papagaio, tudo junto, e tcharaaam: pedestres e ciclistas não pagam! (Alô Barcas S/A, vamos aprender com eles a respeitar o ciclista!!!). já na balsa um local que puxou papo me alertou que ia ter problemas na ilha. Segundo ele a ilha é precária em coisas baratas. Adorei o termo, e de fato isso é que é precariedade: só tem direito a se divertir na Ilhabela quem tem grana pra gastar.

Quando desembarquei fui a dois locais de informações turísticas e em amgos a mesma resposta: camping, de R$30 pra cima, pousada só a partir de R$120!!! Um roubo! Acostumado a pagar 10 ou 15 reais no máximo por um camping, fiquei indignado. Fui pra internet procurar gente no couch surfing (em cima da hora, quase impossível, mas...) ou dicas de lugares baratos, rodei, perguntei, e realmente o preço era esse. Tabelado. Nas minhas andanças acabei chegando numa casa de família com uma plaquinha de camping na porta. Também era trintão, mas era silencioso, bonitinho, ajudava uma família a pagar as contas e estava cansado demais pra ir mais longe.

Depois de tomar um banho num chuveiro poderoso e montar a barraca, fui dar uma volta pra conhecer o lugar. Subi a rua uns 50 metros e já parei por ali. Uma marcenaria fez uma espécie de show room a céu aberto em frente à loja deles, do outro lado da rua. É um jardinzinho com bancos, mesinha, luminárias, no meio da rua (ok, da calçada), e que dá acesso a um rio que naquele ponto corre junto à rua. Achei o lugar maravilhoso e fiquei por lá dando um mergulho no pocinho e lendo um livro.

No dia seguinte, acordei decidido a ir com bike e tudo para o sul da ilha e ficar num camping na praia do Velloso. Queria dormir mais no mato, acordar já na beira da praia (e pagar “só” 25 reais), que era o que eu tinha imaginado de Ilhabela. Assim que acabei de desmontar a barraca e ajeitar tudo (tudo mesmo) em cima da bike, me sai o dono da casa ( que até agora não tinha encontrado, quem me atendeu quando cheguei foi o filho dele) e fala – Nossa, tá carregando a casa inteira aí, hein...- pronto, fiquei duas horas conversando com o Fausto (o irmão do Saulo mudou pra Ilhabela?), sujeito gente finíssima, que adora um bom papo e tem muuuita história pra contar. No final da conversa, tinha mudado todos os meus planos (quantos planos!) ao invés de ir pro sul, ia ficar por ali mesmo e ia conhecer o norte, com a bike descarregada, e antes iria à Cachoeira da Toca, que ficava mais na rua do camping.

A cachoeira fica numa área particular, e você paga R$10 (!!!) (pechinchados para 5) para entrar, e mas lá dentro a estrutura é bem legal. Na entrada tem um barril de repelente de andiroba (os mosquitos na ilha são vorazes, nunca tinha visto nada igual) e o cara já avisa:

- passa no corpo inteiro, menos na sola do pé e no rosto! (adorei o detalhe da sola do pé)

Passei o repelente e ainda enchi um frasco que o Fausto tinha me dado, já com essa indicação.

Lá dentro são na verdade três cachoeiras seguidas, a própria toca, com um Pedrão enorme por cima, a ducha, que é uma daquelas cachoeiras que fazem massagem nas suas costas, e um escorrega bem divertido. Uma delícia, e pacote completo para a família. De quebra você pode também pegar uma provinha da famosa cachaça fabricada lá (às 11hs da manhã...).

Cachoeira da Toca

De lá, peguei a bike, já sem peso e fui pro norte da ilha (depois de comer um marmitex num banquinho na orla). Vários lugares lindos e curiosos, como a pedra do sino, uma pedra (na verdade algumas) que quando você bate nela com outra pedra, faz um barulho idêntico ao de um sino de igreja. Impressionante. Subindo mais, fui até a praia da Jabaquara, muito bonita, mas dominada por uns quiosques chiques (e caros). Essa é a última praia que dá pra chegar pela estrada, sem fazer trilha.

No caminho para essa praia, cansei da bicicleta (era uma estrada de terra com subidões cruéis e, afinal de contas, tinha vindo para a ilha para descansar da bike.) e, com uma dor no coração, escondi ela no mato e segui de carona. Na volta, peguei uma carona com um casal muito gente boa, que me fez lembrar dos meus amigos. Era um desses casais que adora viajar pra lugares de natureza, metendo a cara e acampando onde der, bem casal de doidão mesmo...
minha menina escondida no mato (aos biólogos: todas as plantas que estão sobre ela foram replantadas)

antes de resgatar a bike, fui conhecer a praia da Pacuíba, e fiz minha primeira tentativa no mundo do mergulho, com todo o meu equipamento (Sim, é claro que eu carrego equipamento de mergulho!), mas foi frustrante. A água estava turva e não vi nada...

Resgatei minha menina e parti pra casa. À noite fiquei conversando até 2hs da manhã com o Fausto, que me contou várias histórias da ilha (ela é cheia de lendas e histórias verdadeiras) e de sua vida, que é impressionante. Cara trabalhador, que correu muito atrás pra estar ali hoje.

No dia seguinte, deixei a bike descansando e fui conhecer o norte de carona. Nova tentativa no mundo do mergulho e, dessa vez, muuito bem sucedida. Vi vários peixes coloridos, algo que classifiquei como um cavalo marinho, com base em todo o meu conhecimento biológico, e, auge do mergulho, uma tartaruga!! =) lindo demais!!! Isso foi na ilha das cabras.

De lá, cachoeira dos três tombos, ou pancada d’água, ambos os nomes muito bons. Na Saida da cachoeira, dei de cara com o casal gente boa de novo, e peguei outra carona com eles até a estrada principal. Um dia a gente ainda se encontra de novo!!

De lá não estava conseguindo carona para seguir mais para o norte, então peguei um ônibus que ia até o final da estrada e segui até o ponto final, mas lá não tinha nada de interessante a uma distância razoável... enquanto pensava o que fazer fui andando de volta pela estrada, e depois de 50m, encontrei uma trilha que descia em direção ao mar. Fui descendo pra ver aonde dava e cheguei num lugar maravilhoso, que chamei de jardim de pedras, e que mais embaixo dava num costão de pedras no mar. Procurei um lugar mais seguro pra entrar no mar, onde as pedras formavam uma baiazinha, e mais mergulho.

Depois fiquei no jardim esperando o sol se por, já que tinham me falado que ali no sul era o melhor pôr do sol da ilha. Enquanto isso precisei até acender uma fogueira pra espantar os mosquitos e não ser devorado. Nem a citronela dava jeito. O pôr-do-sol foi realmente maravilhoso, e voltei pra casa moído de tanto andar.

No dia seguinte, despedida da ilha. Peguei a balsa novamente e a estrada...

pra variar, saí tarde demais. Ao invés de 7hs, como tinha pensado, só fui pegar a barca das 9. O que era bem ruim, já que eu pretendia fazer nesse dia a maior quilometragem até agora, 130km.

Saindo de São Sebastião, peguei a serra de maresias, para a qual já tinham me alertado. Na verdade são duas serras, você sobe a 300m uma, desce até o nível do mar em maresias, depois sobe tuuudo de novo, e desce do outro lado. E isso tudo numa estrada simplesmente vertical!!! Usei a marcha mais leve da bike (pra quem entende disso, coroa 22-32-42 e pinhão megarange 11-34) pela primeira vez na viagem ( e pela segunda, terceira, décima...) e empurrei por um bom pedaço... quando cheguei do outro lado, estava moído! Vi que não vali a pena forçar até o Guarujá, e fiquei na praia da Boracéia, num camping de R$10 (alô Ilhabela, isso é que é preço de camping!!!). O interessante nessa praia é que a areia era tão dura que eu pedalei por alguns quilômetros pela própria praia...

Da Boracéia, vim para o Guarujá, passando por outra balsa de grátis (Bertioga-Guarujá) e por uma estrada-parque (conceito interessante) já na “ilha” (acho que é uma ilha, mas não tenho certeza) do guarujá. Essa estrada passa no meio de uma área bem preservada de mata atlântica, e ao longo dela todas as lanchonetes na beira da estrada têm um chuveirão desse da foto na porta... uma delícia.

Já chegando em Guarujá, parei numa feira que estava tendo na rua ao lado da estrada (essas feiras são ótimas, me abasteço de frutas suculentas por muito pouco dinheiro) e comprei, além de umas goiabas e uvas, uma bacia de lichia por 1 real! E a lichia estava deliciosa... no rio seria pelo menos 5 pratas. De quebra ainda lucrei umas carambolas da xepa da feira...

Agora estou no guarujá, com minha prima Nayah, na casa dela e dos meus tios, Milton e Jacira. Obrigado!

Enfim, a viagem está sendo maravilhosa. Estou conhecendo lugares lindos, pessoas muito boas e aprendendo um bocado sobre esse mundão onde a gente vive...

Um beijo e um queijo (agora eu gosto de queijo!),

Leo, ou bici, como preferir...

16 comentários:

  1. bicieeey!
    mais uma vez... to boqueaberta com tudo. achando um filme, sei la.
    =)
    mas vou focar numa coisa: agora voce gosta de queijo???? e azeitona???
    adorei!!! grande garoto! hehe

    beijos, amado!
    Fernandez

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  2. agora tu gosta de queijo né zé mané !!!

    poooo bicicletis eu esqueci de avisar que a ilhabela é cara rs , foi mal, mas é bonita fala ae ...

    alô barcas s.a. vamos respeitar os ciclistas ..! : )

    e o guarujá é uma ilha sim, a distância pro continente é pequena mas isso já é classificado como uma ilha !

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  3. Que relato mais sensacional! Muito bacana mesmo!

    Poxa, Léo, que pena, se tivesse me perguntado eu teria te dado indicações de Campings bons e baratos nessa região. Mas, agora já foi, né?!

    A cidade de Guarujá fica na Ilha Santo Amaro, que eu conheço desde 1966, quando ia para lá pescar no Canal de Bertioga.
    Essa Estrada Parque é uma graça! Faz muito tempo que não passo por lá, mas em breve passarei, se Deus quiser.

    Amigo, pelo jeito sua viagem será daquelas que a gente vai viajar junto, torcendo para ter relato todos os dias, hehehe.
    Adoro aventuras dessa natureza.

    Grande abraço e uma ÓTIMA viagem.

    Waldson (Antigão)

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  4. Forçaaaa... pedala pedala pedala... Bom relato e boas fotos. Eitcha lugar bonito esse da viagem...

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  5. Parabéns pela viagem!!
    Estou acompanhando..
    Abs e bons pedais!

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  6. Aaahhhhh : )

    Imagino lugares encantadores e tudo encantador!!
    As fotos estão representando bem!
    E sua bicicleta agora tem um nome!! \o/

    Lichia por 1 reaaaal?!!! uau!!! E olha que aqui ta em promoção! 4,50! hahahahaha

    Ahhh esse mundão é muito lindo mesmo né.... As pessoas então.... há muitos anjos por aí!!

    (...os olhos brilham...)

    Um beijo com queijo!

    Tchen : )

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  7. Que legal, bicicleta!
    Estou muito feliz e orgulhosa or vc nessa viagem, vou tentar sempre acompanhar daqui
    Muitas aventuras e energiasa positivas pela frente!!!
    Beijos tropicais

    Ps: viu que o primo do Redó respondeu? Liga pra ele!!

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  8. Léo, essas coisas de dar nome aos lugares é maravilhosa, mas evite botar fotos sua muito magrinho como essa pra mamãe ficar bem.rs

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  9. ô orguuuulho! toda a sorte do munnndo! fiquei muito feliz em vc ter passado esses dias conosco!!! graaande bjooo, to torcendo mto! doidããão! ;*

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  10. É rapaz...come bem por ai...caso contrário vai ser só osso!!

    mas continue nos informando da sua viagem (eu sempre viajo um pouco com vc quando leio o seu blog...isso me faz bem e dah uma relaxada no meu dia...).

    Assim q entrar o din din do estágio pretendo dar uma contribuição...

    Boa sorte, bici!!

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  11. Tô curiosíssimo para saber como foi o pedal pela Estrada dos Despraiados, de Pedro e Toledo até Iguape.
    Espero que tudo bem!

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  12. bi, que bonito como você ta escrevendo! e as coisas que está fazendo. você parece muito bem!!!
    to torcendo muito por você daqui.
    ahhh, e essa praia que vc foi, é a praia de picinguaba que a gente ficava, no camping caracol la no finalzinho, nao sei se vc viu. lá é muito absurdamente lindo, ne?? ahhh :)
    e ta tomando juçara por ai, ne? maravilha!
    muito boas as fotos tb!

    boa sorte
    e todo amor que houver nessa vida!!!
    beijos, naná

    obs: AMOR, INTELIGENCIA SOCIAL. HUMANIZE!

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  13. olha essa musica do canal futura:
    http://www.youtube.com/watch?v=hmwQ6z1Q91w&feature=related

    pra onde vamos, de onde viemos?
    precisamos saber
    como é que tá?
    como é que vamos?
    além dos dogmas e da moral,
    a prova de crises, líderes e reis
    ter como essencial
    ver como essencial
    o amor
    como inteligencial social
    humanize! humanize!

    achei demais! e achei q vc ia gostar.

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  14. amor, inteligencia social. humanize!

    vou espalhar... o bici ta espalhando direitinho : )

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  15. E ai Leo,

    Parabens pela viagem e pelo niver!!!
    Estamos na torcida por voce!!!
    Bom proveito,

    Capucio

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