domingo, 20 de fevereiro de 2011

Das Cananéias pra frente...

Bom dia gente,

Demorei mas cá estou para lhes contar mais um poquinho desse caminho maravilhoso...

Minha estada em Cananéia acabou se estendendo de meia hora para uma semana... Depois que encontrei a Santa Silmara, que me deu a oportunidade de conhecer essa cidadezinha tão peculiar, voltei com Jordy, Inara (nossa professora de ioga), banana e Ju para o quiosque na Ilha Comprida e fiquei lá por mais dois dias. Vi botos nadando a menos de 5 metros de mim, paisagens estonteantes, um dos céus mais bonitos que já conheci e até aprendi um pouquinho a surfar (ainda não consigo pegar onda alguma, mas já estou me ajeitando com a prancha...).

Aprendendo a fazer temaki com mestre Banana

Voltei para Cananéia ( uma estradinha de 4km e uma balsa de 10min, na quinta à tarde, para ajudar a organizar a feira de Economia Solidária que começava na sexta. Em Cananéia me acomodei na casa da Silmara, Fabico, Nat e Marina, um pessoalzinho muito gente boa que me acolheu super bem, com direito a um sofá cama enorme e tapioca no café da manhã.

Na própria quinta à noite, fomos jantar na casa da Gi, que estava fazendo um jantar temático, com peixe ao tucupi, arroz com castanha do Pará, pavê de cupuaçu, vários quitutes amazônicos. Ela e o Kléber, mais um amigo do povo, estavam voltando de uma viagem a Manaus, Santarém e Belém e fizeram um jantar do norte com as comidas que trouxeram de lá. Adorei a idéia, e vou instituir isso no Rio assim que voltar!

Na sexta fomos para a praça e passamos a manhã montando as barracas para a feira (decifrando como montar....) e decidindo aonde colocar cada barraca, quem ficava aonde, como colocar luz, tomadas, e todo tipo de pendências que uma feira de rua demanda... à tarde a feira ficou pronta e começou a funcionar de fato. No final do dia, rolou um fandango na feira e deu orgulho de ver como tinha ela ficado bonita, com vários artesanatos, comidinhas e coisas de todo o Vale do Ribeira. O fandango é uma dança típica caiçara (alguém sabe dizer se rola ali pros lados de Paraty? Pq nunca tinha ouvido falar), tocada com viola, rabeca e um instrumento que não conhecia e que esqueci o nome. O fandango foi ótimo, tocado por uns velhinhos boa praça...

No sábado a feira ficou um pouco mais movimentada, mesmo debaixo de um sol de rachar. Depois do almoço rolou mais um fandango, agora com direito a dança devidamente paramentada. Os homens dançam com um tamanco de madeira e as mulheres com saias rodadas e floridas. Reza a lenda que a dança começou nas lavouras de arroz. Depois que o arroz era colhido e seco, os homens sapateavam em cima deles para soltar a casca, e as mulheres abanavam a saia para a casca voar. Já que tinha que fazer o serviço, porque não tocar uma rabeca e dar uma alegrada no trabalho? Adorei essa história.

À tarde fui procurar um barco para a ilha do Cardoso no dia seguinte, mas descobri que só teria barco na terça feira! Mais uns dias em Cananéia....

À noite rolou um forrozinho delicioso. Desde o final do ano que não ia a um forrozinho e aproveitei pra tirar o tempo perdido. Depois do forró a noite foi continuando pela cidade, primeiro na praça da balsa, depois em frente ao ponto de cultura, e acabou na casa de um amigo do pessoal, o Ricardinho...

No domingo, mais um dia de muuuito sol, a feira ficou meio morna, já que a cidade inteira estava na praia... acabei me rendendo e atravessando a balsa pra ir pra praia também, mas só depois que o sol deu uma baixada. Fiquei mais uma vez no quiosque La Luna, do Jordy, à base de camarãozinho frito e sandubão deliciosos, papeando com os cariocas de Cananéia, Wil e Luis (ou luixxxxx, como o pessoal gosta de enfatizar....).

Na segunda o dia amanheceu meio nublado, mas resolvi ir conhecer a cachoeira do Pitú mesmo assim. Como já era dia de trabalho e todo mundo tinha algum afazer, fui sozinho mesmo. Dei uma passada no estúdio dos cariocas (Aldeia Tatoo) e o Luis me ensinou o caminho, atravessando a balsa pro continente (cananéia fica numa ilha) e continuando mais uns 4 km na estrada. Quando cheguei, a balsa tinha acabado de sair, e a próxima, só daí a uma hora. Resolvi então ir pela ponte. A ponte não era tão perto da balsa quanto eu imaginava (claro, né, senão nem precisava de balsa...), mas o caminho era bem bonito. Até a ponte foram mais de 15km por uma estrada cercada de mato o tempo todo. Aqui nessa região ainda tem muita coisa preservada!

Quando cheguei na tal da ponte a chuva começou. Me abriguei na varandinha de uma birosca até dar uma estiada. No caminho para a cachoeira, um momento célebre! 1.000 Km rodados!!! Não sabia se o ciclocomputador chegava a 1.000, então parei quando estava com 999,99 km pra tirar uma foto. Resolvi tirar outra foto com a praga do aparelhinho na mão e, desastrado como eu só, deixei o troço cair no chão. Já pensei logo: só falta essa praga..... não deu outra. Quando peguei o maldito do chão, 00000,00!!!! Me xinguei umas trezentas vezes, mas me consolei por ter tirado a foto dos 999.... (mais tarde descobri que dá pra você colocar o valor que quiser, então já coloquei os mil de volta, mas depois o aparelhinho já zerou algumas vezes por causa de chuva...)

Chegando na cachoeira, mais uma paradinha pra esperar a chuva diminuir, enquanto comia um panetone na marquise de um mercadinho. (quem me conhece sabe que esse foi um momento de glória! Panetone em pleno fevereiro!). Chegando na cachoeira, acabei só dando um mergulhinho rápido, de olho na parte alta do rio e pronto pra correr da cabeça d’água... O lugar é bem bonito, pena que estava chovendo tanto....

Na volta, aguardando a balsa pra voltar, uma cena que mostra um pouco como é diferente a vida em cidades de interior... um motoboy estava indo pra Cananéia levar um documento do INSS pra uma pessoa assinar. Me perguntou como chegar, e indiquei aonde ficava o bairro, que era o mesmo onde estava ficando, Carijo. A rua falei que não conhecia, e que ia ser difícil descobrir, porque já tinha visto que ninguém usava os nomes das ruas em Cananéia. Logo depois chegou mais um pessoal pra esperar a balsa, e o cara perguntou a uma mulher pelo endereço. Ela já respondeu logo: - não precisa nem falar o nome da rua que eu não vou saber. Mas me diz quem é a pessoa que eu te ensino o caminho.

O cara pegou o documento que ia ser assinado e leu o nome da pessoa. A mulher falou: - no Carijo??? Não tem nenhuma Márcia Pereira no Carijo não. Vê o bairro de novo. Aí o cara procurou no documento e achou um outro endereço, dessa vez no bairro Acaraú. A resposta: - aaaahh, agora sim! Marcia Pereira é no Acaraú mesmo. É a esposa do seu Leonel.... aí foi explicando o caminho... Fiquei rindo muito da cena.

Na saída da balsa a chuva virou temporal e corri pro estúdio dos cariocas, que era ali perto. Passei o resto da tarde lá e a chuva não passou.

Na terça, acordei já na missão de arranjar um barco. Na feira, que era a promessa mais forte de arranjar algo, ninguém do Marujá (onde eu queria ir) tinha ido por conta do temporal. Mas depois de alguns encontros e indicações (Obrigado Ju, seu Ezequiel e Beto!), cheguei ao Ari, que estava buscando um carregamento de material de construção para o Ariri, via Marujá. Voltei em casa, arrumei minhas coisas correndo, me despedi do pessoal e, depois de uma semana, me mandei de Cananéia!

Saio de Cananéia apaixonado pela cidade, e me prometendo ainda voltar para morar aqui por um tempo. Esse lugar me impressionou e me encantou. Cidadezinha pacata, de 12 mil habitantes, com ponto de cultura, rede de economia solidária, vários movimentos sociais, comitês, o pessoal se movimenta... e encontrei uma galera muito gente boa, que me acholheu super bem. E de brinde, em vinte minutos você está na ilha comprida. Com mais um tempinho de barco, Ilha do Cardoso. Quer mais o que?

Muuuito Obrigado a toda a galera de Cananéia! Muuuuito prazer em conhecer esse povo, e qualquer dia desses estou de volta.

Com certeza vou esquecer vários nomes, mas um abração pra Silmara, Fabico, Nat, Marina, Fer, Luixxx, Wil, Jordy, Inara, Eduardo, Banana, Ju, Nat de novo, Gi, Kléber, Ricardinho...

Chegando ao Marujá (só chuva o caminho todo), o camping estava alagado, então acabei apelando para uma pousadinha. No dia seguinte o tempo deu uma abrida e voltei ao pedal. Fui até o Pontal do Leste (uns 15km), e um sujeito que encontrei na praia me atravessou para a ilha de superagui numa canoazinha a remo! E sem cobrar nada... Obrigado, Wellington! Ele ainda me indicou procurar o Flávio na vila de Ararapira, onde ele me deixou, para ele me levar até a ponta da ilha quando a maré baixasse, pq da vila não dava pra seguir pedalando (o mar está subindo e já derrubou várias árvores em cima do caminho que ia até a ponta.). falei com o Flávio e, como não rolava nenhum PF, fui fazer uma comidinha na beira do cais. Quando a maré baixou, seu Izidro, pai do Flávio, me atravessou mais uma vez de canoa a remo, depois de um bom papo contando histórias dos desavisados que já pegaram o caminho sem saber que não dava pra passar e ele teve que resgatar. A embarcação era uma canoa de um pau só, de guaparuvu, toda vermelha e branca, chamada bela caña. Chegando lá, perguntei quanto era e ele, pacato, me disse pra dar o que pudesse, que não fosse me atrapalhar. Dei dez reais e ele foi logo perguntando: não vai te fazer falta mais na frente? Certeza? Achei super bonita a atitude dele, e segui viagem de bem com a vida.

Depois de mais um tempo de pedalada, montei minha barraquinha no meio daquela vastidão de praia, gaivotas, gaviões, mata de restinga... e dá-lhe chuva de noite. Mas dessa vez sem vento, e não muito pesada. De manhã continuei o pedal até a vila de superagui, atravessei de barco para a ilha das peças, pedalei até a vila, e mais uma vez apelei para uma pousadinha pra por conta de campings alagados e tbm pq o barco no dia seguinte saía 7:15.

Cheguei na sexta em Paranaguá, e fiquei na casa do Mauro, amigo dos meus pais da SBEE. Ontem de manhã fui pra Curitiba, mas subi de ônibus, e voltei hoje pedalando pela estrada da Graciosa. Mas sobre Curitiba e Paranaguá falo outro dia, senão nunca atualizo isso aqui...

Amanhã estou indo para a ilha do Mel!

Um abração pra todo mundo que anda lendo isso daqui e saibam que estou com saudades do povo do Rio, mas por enquanto não pretendo voltar... =)

13 comentários:

  1. Ilha do mel é um paraíso! Aproveite bastante! Beijosss

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  2. Boa Bike,

    sua viagem tá maneiríssima, to acompanhando e divulgando seu blog direto.

    Boa sorte!

    []s

    Gigante

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. eu imaginei a cena do contador de km caindo no chão ! hahaha

    bicicleta surfista ? ai papai !

    um beijo coisa bronzeada ! : )

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  5. Jaya querido,

    Prazer enorme ter te conhecido!!

    Positive vibrations!!

    Inara

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  6. biiiciii,
    todo mundo com saudades de vc, mas ninguém quer que vc volte agora. vc entende né...

    (L)

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  7. Fala Leonardo!!
    Muito massa sua trip, estamos acompanhando!!

    Quando passar por floripa não esquece de mandar um email pra min(André) e pra Ana! Pois no sabado do carnaval vamos estar indo em direção ao rio do rastro, e quem sabe dê certo de pedalarmos juntos! Se não nestes dias quem sabe damos apenas uma volta aqui por floripa!!!

    Abraço
    André Costa

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  8. Salve grande desbravador dos sete mares!E um prazer acompanhar esta tua aventura! Andei meio enrolado nesse mes de fevereiro, mas já estou na ativa, pedalando e me preparando para chegar a Ilha do Mel em abril, se Deus quiser!
    Até agora estou meio enrolado nessas travessias. Mas depois, quando você já estiver mais a vontade te pergunto como passar de uma ilha para outra.

    Grande abraço.

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  9. Ponto para as iguarias da Amazônia nesse post, Léo! rs Grande abraço e boa pedalada. Você emagreceu, rapaz..rs

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  10. Kozi federozi!

    To lendo teu blog, rapaz... Tá iradaça a viagem pra mim, reles leitor, imagine pra ti, um nobre explorador!

    Abs,

    Pássaro

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  11. Cara, Frodo, to MORRENDO de inveja!!! MUITO FODA!

    Queria ter essas ideias...e esse tempo....e esse dinheiro....parabens, frodinho, mts vezes parabens!!

    poxa, se der me conta depois, para eu ficar babando.....bjs!

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