quinta-feira, 24 de março de 2011

Saindo do Litoral...

Oi gente, não tenho tido muito tempo de internet pra atualizar aqui, mas aqui vai mais um pouquinho de história pra contar...

Continuando de Bombinhas, como havia dito acabei ficando na cidade mais uma noite por conta da chuva. No dia seguinte, segui para Balneário Camboriú, passando pela Interpraias, uma estrada que vai margeando o mar e passa por praias lindas: estaleiros, estaleirinhos, praia do Pinho, Laranjeiras... parei na praia do Pinho pra dar um mergulho ao natural e, chegando em Camboriú, liguei para Fátima e Aparecida, duas irmãs, amigas de meus pais, famosas por suas risadas discretas e pelo bom humor. Almocei com a Fátima e elas me levaram para uma volta rápida pela cidade, já que ainda pretendia seguir para Itajaí para visitar a Fio Nobre, uma cooperativa que faz parte da Justa Trama (www.justatrama.com.br).

Depois de um cafezinho com nega maluca (bolo de chocolate no dialeto local), fui para Itajaí e conversei com a Márcia, gerente da Fio Nobre, no Centro Público de da Economia Solidária de Itajaí (CEPESI), um espaço bem legal em que, além de uma loja com vários produtos de organizações ligadas à Economia Solidária, há também uma lanchonete, um restaurante vegetariano, e algumas outras atividades, como Reiki, yoga...

Como cheguei um pouco tarde, já não dava mais tempo de ir conhecer a cooperativa, então fiquei de voltar no dia seguinte. Com isso, voltei a Balneário Camboriú ( que não é a mesma cidade que Camboriú) e dormi na casa da Fátima. Claro que fui super bem recebido, Obrigadão!

No dia seguinte, mais uma vez segui para Itajaí e aí sim conheci a Fio Nobre, experiência bem interessante, e de quebra ainda filei um almoção na casa da Márcia, por acaso no dia do aniversário do marido dela. Para voltar a Floripa, apelei para uma caroninha, já que já tinha pedalado esse trecho na vinda e queria tocar logo pra frente.

Chegando na deliciosa casinha da Lagoa, recebi uma notícia chata, de que na noite anterior tinham entrado na casa por uma janela e roubado um notebook e uma mochila do Lucas, o argentino que está morando por lá, e também tinham levado meus alforges traseiros, que eu tinha deixado lá enquanto ia a Bombinhas, Camboriú e Itajaí. Maas, o vizinho havia encontrado os alforges no quintal pela manhã, e eles agora estavam na polícia. Fui à delegacia buscar, já repassando na minha mente tudo que estava dentro dos alforges e pensando o que provavelmente teria sido levado (um casacão que faria muuuita falta no frio, meu tênis...) mas, para minha surpresa, quando cheguei lá estavam os alforges cheios, e quando conferi em casa estava TUDO lá!!! Inclusive meu passaporte!!!

Mais uma vez tive uma prova de que todas as forças do bem estão conspirando para que tudo dê certo nessa viagem... fiquei muito impressionado com essa história e fui conversar com o vizinho que encontrou as coisas. Era um alemão brasileiro muito boa praça que vive com uma brasileira, e fiquei por lá batendo um papo com direito a chazinho e lanchinho.

À noite fomos a um sambinha no Varandas, nós da casa (já com um novo morador), os vizinhos da casa de baixo e os vizinhos da casa de cima. Foi ótimo, depois de um mês e meio fora do Rio, ouvir um sambinha ao vivo, e samba bom....

No dia seguinte, rearrumação total para recolocar tudo no lugar e pedal na estrada.... pretendia ir até o sul da ilha (caieiras da barra do sul) e atravessar para o continente de barco (para a praia do Sonho), mas liguei para o barqueiro e até a hora que saí de casa não tinha ninguém por lá para atravessar, e sozinho ia sair caro demais. Assim sendo, segui pela ponte mesmo, e no continente fui descendo até a praia do Sonho (não é o Sono!), linda, e de lá pela Pinheira, mais linda ainda, de um mar quase parado e transparente, até chegar à Guarda do Embaú, o ápice do dia. Praia lindíssima, com uma vilazinha beeem turística, um rio (Madre) desaguando na praia, que se atravessa de barquinho pra chegar à praia, e uma praia bem preservada, com vegetação de restinga e de dunas na parte de trás.

Praia do Sonho, com Floripa ao fundo

Na Guarda perguntei para dois caras se dava pra seguir pela praia até o final e ir até Garopaba, que era meu objetivo pro dia. Os dois falaram que era tranqüilo, ia pela praia até a Gamboa e depois ia subir um morro e descer em garopaba. Com duas indicações positivas, não tive dúvidas. Botei a Caiçara em cima de um dos barquinhos (ela já é quase marinheira, de tanto barco que já pegou, e atravessei para a praia. Segui pedalando pela areia, sob os olhares atônitos dos turistas que ainda resistiam após o fim da temporada, e mais à frente parei para um mergulho. A surpresa veio quando cheguei ao final da praia. Antes de chegar à gamboa, teria que atravessar um trecho de dunas ou seguir por um costão de pedras. Bicicletas não gostam de duas. Elas são cheias de areia e afundam. E costões também não são o forte da caiçara.

Apreciando o entardecer da Guarda do Embaú

Dei uma andada pelas duas procurando um caminho mais tranqüilo pra passar, mas não tinha alternativa... como a tarde já ia caindo, resolvi acampar ali antes das dunas mesmo e encarar as dunas no dia seguinte. Voltei um pouco na praia, encontrei um lugar abrigado embaixo de uns pinheiros, entoquei a bike e fui à gamboa comprar umas comidinhas e ligar avisando que não chegaria a garopaba. Acampar ali foi uma delícia. Eram meus últimos dias no litoral, e dormir com o barulho do mar, fazendo uma fogueirinha ali no meio das dunas, restinga, estrelas, não tem preço.

Guarda do Embaú amanhecendo...

No dia seguinte de manhã parti para a missão das dunas. Depois de algum esforço consegui subir por uma trilhazinha entre o costão e as duas, passando no meio de um mato rasteiro meio fechado, mas tudo bem... mas pra descer, só tinha duas opções: um descidão de areia solta, que afundava o pé até o meio da canela (imagina a bike), ou um paredão de pedra vertical. Com pena da caiçara na areia, escolhi o paredão, e fui descendo ela no muque mesmo. Penoso, mas deu tudo certo, sem incidentes. Subi o tal do morro e desci em garopaba, onde acabei nem parando.

O paredão que eu e Caiçara descemos...

Garopaba

Fui seguindo por umas estradinhas internas até cair de volta na velha conhecida BR-101, por onde segui até Imbituba. De lá, fui para a praia e segui pela areia até Laguna. Lugar alucinante. O dia estava lindo, céuzão completamente limpo e azulão, uma praia enorme com faixa de areia largona e muito boa de pedalar e vento a favor... delícia.

Nessa praia conheci um cara catando os galhos e raízes de árvores que vêm parar na areia para fazer artesanatos. Sujeito muito gente boa, que me explicou um pouco da história do lugar. Por exemplo: Laguna fica na divisa do tratado de Tordesilhas, dali pra frente era terra espanhola...

De Laguna, peguei uma balsa para atravessar o rio e segui pedalando por uma estrada de terra que na verdade era um areião esburacado até o Farol de Santa Marta. A idéia era chegar lá para o por do sol, mas ele se pôs comigo ainda na estrada, num espetáculo de laranja e vermelho, um dos mais lindos que já vi na vida. A estrada era bem mais comprida e ruim de pedalar do que eu esperava, e acabei chegando no farol só lá prumas 8-9hs da noite. Fui para um camping logo na entrada da vila, para um merecido banho e jantar. De cara já conheci Saulo e Tiago, dois surfistas, fotógrafos e videomakers fascinados pelo farol.

Pretendia seguir viagem já no dia seguinte, mas os dois me convenceram a ficar pelo menos um dia no farol, pra conhecer o lugar e ver aquele pôr do sol agora do farol. De noite ainda fui conhecer o farol, iluminado por uma lua cheia enorme (véspera da tal maior lua dos últimos 20 anos), e vi que valia a pena ficar mais um dia.



No dia seguinte, infelizmente o tempo amanheceu nublado, com uma névoa espalhada pelo lugar. Mas mesmo assim, não deixava de ser um lugar impressionante. Conheci a praia do Cardoso em frente ao camping, onde segundo Tiago e Saulo foi surfada a maior onda do Brasil, com uns 5,5 metros. O lugar é um super point do surf, porque a praia é virada para o sul e dali pra baixo o litoral é todo reto e mais recuado um pouco, então as ondas que vêm do sul batem direto ali.

O próprio farol também é bem bonito. Foi contruído no século XIX, com óleo de baleia e tudo... e é o farol mais forte da América do Sul. Com o tempo fechado, acabou nem tendo pôr-do-sol. À noite, sinuquinha e um bom papo...

Na manhã seguinte, o céu amanheceu limpíssimo de novo, azulzinho. Com certeza o pôr-do-sol seria sensacional, mas tinha que seguir viagem. Na saída, ganhei de presente do Saulo umas fotos na estrada, o que é um presentão já que viajando sozinho quase não tenho fotos de mim mesmo...





O nascer do Sol no Farol de Santa Marta

Últimas pedaladas litorâneas

O resto do dia foi de pedaladas sem muito destaque, e fui até guatá, que é um distrito de Lauro Müller, já no pé da Serra do Rio do Rastro.

Mas a Serra é um caso à parte, e logo mais falo sobre ela...

Agora estou em Chapecó, no oeste catarinense, na casa do Rodrigo, jogador do Chapecoense e filho do Mauro, na casa de quem fiquei lá em Paranaguá. Nesses últimos dias peguei duas caronas e um ônibus para apressar a viagem e chegar na fronteira da Argentina a tempo de participar de um encontro que está acontecendo por ali.

7 comentários:

  1. Fui no chá de bebê da Fabi ontem e fiquei sabendo dessa tua aventura!!! Arrasou Léo!! Muito maneiro mesmo!! Boa viagem e continue escrevendo no blog pra gente ir viajando de longe junto com vc! Sempre Alerta! ;) Bjs e fica com Deus!

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  2. Salve, salve grande Leo!!!!!
    Fiquei sabendo desta tua jornada esta semana e vou acompanhar pelo blog tua aventura! Boa sorte companheiro!!!!
    Tarcísio.

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  3. Cara, outra coisa: se passar por algum monumento, ruina, referência ou qualquer coisa sobre a Guerra do Contestado ai no Oeste de SC, tira foto aí pra mim, valeu?
    Tarcísio.

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