sábado, 14 de maio de 2011

De Santa Catarina a Catamarca de una....

Só porque a Júlia exigiu que eu atualizasse....

Depois de um bom tempo ausente do mundo virtual, cá estou de volta pra contar um pouquinho do que estou vivendo e trazer na garupa quem quiser viajar um pouquinho comigo....

Quem estiver disposto a ler, se prepare. É mais de um mês de viagem comprimido em um texto, então ficou bem grandinho... =)


Depois da Serra do Rio do Rastro, peguei uma carona de caminhão até Lages, começando minha corrida para chegar a tempo para o Rainbow, um encontro para o qual estava indo, na fronteira Brasil-Argentina.

Em Lages fiquei na casa dos pais da Glau, minha companheirinha caterinense. Era uma casinha deliciosa, super aconchegante, e fui muito bem recebido. Fiquei um dia lá para conhecer o Instituto Vianei, que trabalha com Agroecologia, trabalho coletivo, etc., a cooperativa Ecoserra, que trabalha com produtos agrícolas ecológicos e resolver algumas outras coisinhas. Aproveitei pra fazer um cartão de visitas, para parar de dar para as pessoas pedaços de folha de caderno com meus contatos e imprimi umas fotos para tentar vender por aí e ir fazendo uma graninha.

Os pais da Glau, que me acolheram em Lages, SC. Obrigado!!

No outro dia peguei um ônibus para Campos Novos, onde dei uma passadinha na casa de uma amiga de meus pais e depois segui para o assentamento 30 de outubro, um pouco depois da cidade, para conhecer a cooperativa do assentamento e a unidade de laticínios da cooperativa Coopercontestado, que agrupa vários assentamentos do MST no estado de Santa Catarina.

Foi uma experiência muito interessante conhecer o assentamento, o primeiro aonde estive, e todas as pessoas ali me ensinaram muito, todas muito interessantes, muito sérias em seus propósitos e muito acolhedoras. Dormi na casa de Jucélia e sua família. Muito Obrigado pela acolhida e muito obrigado ao Chico, de Floripa, por me colocar em contato com o pessoal do assentamento.

O município de Campos Novos é o maior produtor de grãos de Santa Catarina, e se auto-intitula o celeiro catarinense. A paisagem é tomada de plantações intermináveis de soja transgênica, com suas plaquinhas na beira da estrada com nomes como Monsanto e Syngenta e seus códigos das sementes cuidadosamente preparadas em laboratório para só se desenvolverem com os agrotóxicos da mesma marca e para não germinarem em um segundo plantio, obrigando o agricultor a comprar uma nova leva de sementes para plantar para a próxima safra. E pelo que vi é a única parte de Santa Catarina que é dominada por grandes propriedades, pois no resto do estado as propriedades são essencialmente familiares.

A monocultura de soja nem é tão ruim, ó: deixou duas araucárias sobreviverem!

Do assentamento fui pedalando até Catanduvas, onde peguei mais uma carona de caminhão até Chapecó, já no extremo oeste catarinense. Ali fiquei na casa do Rodrigo Delazzari, jogador do Chapecoense e filho do Mauro, que me acolheu em Paranaguá. Também fiquei um dia em Chapecó para resolver burocracias, dessa vez de grana, já que era a última cidade grande antes de cruzar a fronteira para a Argentina. Jantamos num rodízio de pizzas, massas e várias outras coisas, bem barato por sinal, e no dia seguinte fomos ao cinema ver o filme Cisne Negro. Filme bem forte, que rendeu o Oscar de melhor atriz para a mulher que faz o papel principal.

Um abraço pro Rodrigo, meu anfitrião em Chapecó-SC

De Chapecó pedalei até um pouco depois de Palmitos e um pouco antes de Riqueza (quase cheguei à riqueza!) e acampei num lugarzinho super simpático, na beira de um rio e ao lado de um bosquezinho de pinheiros. no dia seguinte fui dali até Itapiranga, debaixo de uma chuvinha fina que me acompanhou o dia todo. No caminho, quando cheguei a Iporã do Oeste, enquanto procurava algum lugar pra comer, sem sucesso, meu pneu furou. Quarta vez até agora... remendei a câmara na marquise de uma padaria, infelizmente fechada, e segui viagem com a garoinha...

Placa em espanhol? Acho que tô chegando perto!

Programa minha cova minha vida: os cemitérios de Santa Catarina são verdadeiros bairros de casinhas coloridas

Tô na direção certa!!!

Em itapiranga, depois de passar da entrada da casa para onde estava indo e ter de voltar 10km, encontrei a família do Chico, o mesmo que já tinha me arranjado o contato do assentamento. Fiquei hospedado na casa da mãe dele, e ela foi impressionante! Em menos de 24 horas conseguiu me mostrar vários lugares e contar muito da história da região, que é muito peculiar. É uma região colonizada por alemães vindos do Rio Grande do Sul, e só alemães católicos. Até a década de 70 praticamente não havia pessoas de fora, só alemães e seus descendentes. A conseqüência é que todos falam alemão até hoje, e quando falam português, mesmo os mais jovens, têm um sotaque muito forte, como se fosse um alemão da Alemanha mesmo que aprendeu a falar português. E eu notei que mesmo quando falam português eles usam várias palavras do alemão no meio da frase, principalmente para os nomes das coisas. É muito louco ver uma coisa dessas, de uma cultura estrangeira dentro do próprio Brasil.

Em Itapiranga conheci a linha Becker, berço da Oktoberfest no Brasil, o marco da fronteira entre Brasil e Argentina, que fica também na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o município de São João do Oeste, que ostenta os títulos de município mais alfabetizado do Brasil (sem querer desmerecer, mas são só 6mil habitantes) e de município mais alemão do País. Conheci ainda o distrito de ...... que tem a maior igreja de madeira do Brasil. É realmente enorme, e toda de madeira.

A mãe e o tio do Chico, meus anfitriões em Itapiranga, SC. Muito Obrigado!

Linha Becker: berço da Oktoberfest no Brasil.

A maior igreja de madeira do Brasil

A economia de Itapiranga gira em torno de uma unidade da Seara instalada na cidade, e das criações de porcos para eles. Aliás todo o oeste catarinense é tomado de criações de porcos e frango para a Sadia, Perdigão, Seara, Aurora e outras empresas do ramo, que nasceram todas na região. O tempo todo passavam por mim caminhões com três andares de porcos empilhados, atochados todos espremidos seguindo para o matadouro, perfumando toda a estrada. E cada vez que passava por uma fazenda com criações de porcos vinha também o cheirinho peculiar... quase parei de comer porco viajando pelo oeste catarinense.

Os criadores de porco e de aves, assim como os plantadores de fumo do norte do estado são presos às empresas pelo sistema de integração. As empresas fornecem as matrizes dos animais, a ração e todo o manual de instruções de como se deve trabalhar e depois compram os animais para o abate. Ou no caso do fumo, a Souza Cruz e suas companheiras fornecem as sementes, fertilizantes e outros agrotóxicos e depois compram a produção. Desse jeito as empresas não investem nada no primeiro elo da cadeia, lucram com a venda de ração, matrizes, sementes e agrotóxicos, mantêm os agricultores e criadores presos ao seu sistema pelas dívidas que esses adquirem ao comprarem os insumos e compram suas matérias primas a um custo bem baixo, já que os agricultores são obrigados contratualmente a vender sua produção para aquela empresa específica. Lhe parece justo? Ou uma forma muito esperta de ganhar rios de dinheiro explorando a população?


De itapiranga cruzei o rio Uruguai, que faz a divisa com o Rio Grande do Sul, me deixando na Guarda do Guarita e dali segui pedalando para o sul, mais uma vez debaixo de uma chuvinha constante. Essa estrada de Barra do Guarita em diante era terrível, toda de terra, virando lama com a chuva, cheia de pedras que me faziam ficar quicando o tempo todo e com um baita subidão logo depois de cruzar o rio.

No fim do dia cheguei a Tenente Portela, molhado, com frio e com fome. E recebi uma grande ajuda do Maia, do Hotel Avenida. Quem quiser conhecer o salto do Yucumã, a maior queda d’água de comprido ............ do mundo, recomendo ficar hospedado lá. É um hotel familiar e o pessoal é super gente fina.

O dia seguinte foi mais uma vez debaixo de chuva, e foi o grande dia de cruzar a fronteira com a Argentina. Depois de pedalar uns 70 quilômetros, quase todo asfaltado, cheguei a Porto Soberbo, onde peguei a balsa para cruzar o rio Uruguai. Na saída do Brasil, nenhuma placa de fronteira nem nada do gênero, só uma cabine da polícia. Do lado de lá, a casinha da imigração e também nenhuma plaquinha dizendo que estava entrando na Argentina. Ou seja: não tem foto de fronteira. Quem mandou entrar por porto pequeno? Chegando em El Soberbio, do lado argentino, já fui logo vendo pelas ruas os tipos que tinham cara de que estavam indo ou vindo do Rainbow, o encontro em função do qual tinha passado a semana correndo, pegando caronas, ônibus, etc.

Quaaaase lá!

O encontro foi maravilhoso, encontrei três pessoinhas lindas que vieram lá do Rio, algumas outras que eu tinha conhecido na viagem, na Aldeia da Paz, e conheci muitas outras.

Acabei ficando duas semanas no Rainbow, ao longo das quais tudo molhou, encheu de lama, secou, migrei de lugar três vezes, tive uma caganeira absurda, enfim, foi intenso... e como tudo que é intenso, é difícil de descrever, então sigamos...

Chegada enlameada ao Rainbow!

Despedida!


Sigue sigue siguel el Trainbow!

Quando enfim saí do Rainbow, dormi a primeira noite em el soberbio, a cidade onde eu tinha cruzado a fronteira, a 30km, depois fui até Colônia Aurora, mais 50km. Nem pretendia dormir em colônia Aurora, entrei na cidade para comer alguma coisa e seguir adiante, mas logo conheci um brasileiro e mais um pessoal dali e papo vai papo vem, ganhei uma pizza, conheci um esporte novo (bocha) e fiz vários amigos da fronteira. Muito obrigado ao Preto, o brasileiro que me gritou quando estava passando e um abraço a todo o pessoal...

Do lado de cá, Argentina, Misiones, do lado de lá, o Rio Grande do Sul.

De colônia aurora fui para Oberá, onde fiquei na casa do Jonathan, conhecido do couch surfing. Sujeito muito gente boa, que me apresentou mais um esporte (2º em dois dias), Padel, ou Pavel, não sei ao certo, me mostrou a cidade e ainda me deu uma gaita de presente. Agora vou ter que aprender a tocar...

De Oberá fui para San Ignácio, conhecer as ruínas de uma Redução Jesuítica-Guarani. Esse é o tipo de coisa que a gente estuda no colégio mas nunca tem uma noção do que foi na verdade. O lugar da redução era impressionante. Enorme, com uma organização bem particular e uma proposta política inédita.

Redução Jesuítico-Guarani de San Ignacio Mini

Árvore gordinha

Saindo de San Ignácio, passei por outra redução, Nossa Senhora de Loreto, essa sem restauração, então mais dominada pelo mato, e fui até Garupá, a cidade de onde sairia o trem para Buenos Aires. Na verdade era um vilarejo em volta da estação de trem, e não tinha nenhum lugar pra comer e os mercadinhos não tinham quase nada. Eu e alguns outros da família Rainbow que estavam a espera do trem rodamos por todos os comércios pra conseguir fazer um estoque de comida para a noite e para as 30 horas de trem que nos aguardavam...

A viagem de trem foi longa mas bem legal, já que tinham pelo menos umas 20 pessoas vindo do Rainbow e as paisagens eram incríveis. Passamos pelo famoso pampa argentino, uma planiciezona eterna com vaquinhas pastando. Fiquei impressionado com o tanto de vagões de trem retorcidos na beira do trilho, recordações de acidentes passados...

A chegada em Buenos Aires foi um choque. Depois de mais de dois meses sem passar por uma cidade deste tamanho e duas semanas no meio do mato, a confusão de uma cidade de 10 milhões de habitantes era meio atordoante. Eu e Kauan, amigo do Rainbow, de Floripa, fomos direto para a casa onde vivia uma amiga do Rio, Karina, apesar de ela não estar mais por aqui, já que depois do rainbow seguiu para o Brasil. A casa, La Vecinda, é uma mistura de centro cultural com comunidade, e o pessoal que mora aí desenvolve vários projetos, de programa de rádio a peça de teatro. As contas da casa são pagas com festas feitas todo sábado na própria casa, com bandas de Buenos Aires ou visitantes e DJ. Além disso, eles reciclam comida. O que significa isso? Eles pegam nos mercados, verdurerias, padarias, os produtos que não vão ser vendidos, seja porque a fruta está com um amassado ou porque o pão é de ontem. Além de comerem, quando pegam grande quantidade, fazem por ex. doce de alguma fruta que recolheram na verdureria e distribuem para o padeiro, o cara do supermercado... ou levam pão e facturas da padaria(uns doces de padaria que são O destaque das padarias argentinas) pra tomar café da manhã com o pessoal da verdureria...

FMp3, Rádio La Tribu no ar

Enfim, estão aí buscando uma forma de viver um pouco fora do sistema, se relacionando mais com os vizinhos do que com grandes empresas, produzindo e divulgando cultura, fazendo o que acreditam. Uma das principais razões para eu ter ido a Buenos Aires foi conhecer essa casa e ver como eles fazem as coisas, e foi bem legal ter passado uns dias ali.

Também foi ótimo encontrar o Flavio, amigo do Rio que está passando uns meses por aqui. Comemos a famosa carne argentina, demos umas voltas pela cidade, e de quebra ganhei até um presente! O Livro dos Abraços, do Eduardo Galeano... Flavito, brigadão pelas companhia, pelas carnes e pelo livro!

Flavito na La Vecinda

Acabei tendo que ficar bem mais tempo do que pretendia em Buenos Aires por conta de burocracias bancárias aliadas ao feriado da páscoa, que me pegou de surpresa... Enquanto esperávamos a segunda-feira chegar e a tal agência do Banco do Brasil abrir, eu, Kauan e Ohana, irmã do Kauan que também chegou no meio da semana, só fazíamos comer... pizza, facturas, Dulce de leche, helado (sorvete) de Dulce de leche... só besteira, mas não tinha como escapar... por aqui não se encontra um PF, mas em compensação a cada esquina há milhões de guloseimas absurdamente deliciosas.... regime de engorda para as pedaladas futuras.

Esperando a pizzaria abrir: regime de engorda em Buenos Aires. Ohana e Kauan

Sim, a velhinha estava posando pra mim.

Quando finalmente a segunda feira chegou e resolvemos tudo, preparamos as tralhas e voltamos pra estrada. Kauan foi para o Tigre, perto de Bs As, para depois seguir para o Uruguai, e eu e Ohana pegamos um ônibus para Capilla Del Monte, em Córdoba, para seguir para uma região sobre a qual tínhamos ouvido muuito no rainbow, e dali rumo ao norte.

Capilla era uma cidadezinha deliciosa, com cara de serra, ao lado do Cerro Uritorco, uma montanha cheia de história e de lendas, sob a qual, segundo Trigueirinho, vive uma civilização intra-terrena. Passamos alguns dias ali, e sincronias foram nos conduzindo para o Jardin de los Presentes, uma casa que é também uma espécie de centro de permacultura, onde vive um pessoal muito gente boa, cuidando de suas hortas, construindo com barro e material reciclado, trabalhando com madeira e metais e planejando uma caravana de bicicletas...

El Jardín de los Presentes

Cerro Uritorco: lendário e poderoso.

El poder del Uritorco

De Capilla finalmente voltei a pedalar (aleluia!!!) rumo a San Marco Sierras, passando por uma serrinha linda. E justamente no dia que eu peguei a serra estava rolando uma competição mundial de bicicleta, a mais tradicional da Argentina, com 4mil participantes. Foi uma cena hilária aquele mar de ciclistas vindo correndo, suando, uns quase morrendo de cansaço ( e quanto mais pro final da fila, maior a fatia dos morrendo de cansaço ou empurrando, ou simplesmente sentados na beira da estrada...) e eu indo na direção contrária, gargalhando daquela cena, com uma bicicleta abarrotada de tralhas... volta e meia um fazia alguma piadinha, dizendo que a chegada era pro outro lado, e um gritou: - e eu que achava que eu era maluco! – enfim, cena hilária.

Sertão cearense? não, Capilla del Monte.

4mil ciclistas prum lado e um cicloviajante pro outro...

Minha cara

Paisagens impressionantes...

Cruzando a serra, passando por visuais incríveis, cheguei a San Marcos Sierras, uma cidadezinha meio hiponga, parecida com o Sana, pra quem conhece (mas sem água), que transborda artesanatos, guloseimas naturais e calmaria.

Em San Marcos passei uns dias nas terras de duas mulheres do Rainbow, Hanna e Ambar, que resolveram se mudar pro meio do mato e estão trabalhando o terreno para começar a plantar uma horta, criar alguns espaços e dar uma vitalizada no local.

Ohana, Jaqui e a filhinha de Ambar

Depois de uns dias em San Marco Sierras segui para o norte, em direção a Catamarca. Passei quase uma semana cruzando uma região muito seca, parecida com o cerrado brasileiro, e com algumas salinas. Foi impressionante ver a secura do lugar. Simplesmente não existiam rios na região, e não só pela seca. Realmente não há rios, toda a água vem de poços. Também não haviam cidades, só pueblos pequenininhos, um punhado de casa em volta da estrada. Uma boa parte deles cresceu em volta de estações de trem que hoje estão abandonadas, onde o trem não passa mais há muito tempo. As estradas são retas intermináveis, a perder de vista. E tudo muuuito plano, sem nenhum morrinho.

Nessa região dormi a primeira noite ao lado de uma torre de água, um pouco depois de Chuña, a segunda perto de San José das Salinas, no terceiro dia passei pela região das Salinas Grandes, antes de chegar a Lucio V. Mansilla, onde passei a terceira noite, com a barraca no quintal de um restaurante/hospedagem. No quarto dia fui de Mansilla até Casa de Piedra, lugarzinho simpático onde comi um guizo de cabrito (um ensopado de arroz com carne de bode, e não de cabrito...) e botei a barraca no terreno da Delegación municipal (uma espécie de representação da prefeitura no lugar), e com a autorização do delegado municipal em pessoa, que também era dono da despensa (mercearia) mais suja da cidade.

Prévia do Salar de Uyuni: Salinas Grandes

Zazá, se você estava procurando seu isolante, aí está! e me está sendo muuito útil! =)

No dia seguinte apareceu uma serra bem grandinha à direita da pista, depois de dias de plano. Começou a fazer sentido o nome da cidade para onde estava seguindo, San Fernando Del Valle de Catamarca. Até esse dia ainda não tinha entendido de onde tiraram essa de vale se a região era toda plana. Nesta noite pedi para dormir no quintal de uma fazenda de gado e bati um bom papo com o chango que cuidava do lugar, Ernesto, regado a mate cocido (um chimarrão meio diferente e com açúcar). No dia seguinte a serra da direita continuou me acompanhando e apareceu uma outra na esquerda, pra formar o tal vale. Ao longo do dia essa da esquerda foi crescendo até se ficar mais alta que as nuvens. Já eram os Andes chegando....

Agora estou em Catamarca, uma cidade bem simpática, que apesar de ser a capital da província, é bem tranquilinha. Estou num camping bucólico na beira de um rio a nove quilômetros da cidade, junto com alguns amigos de lugares por onde passei antes e vários artistas de rua. Palhaços, malabaristas, artesãos, tudo que você imaginar. No fim de semana passado rolou um encontro de malabaristas na cidade e muita gente que veio para o encontro ainda está por aqui, fazendo uma grana na cidade antes de seguir viagem.

Estou muito bem e muito feliz. A viagem mudou bastante na última semna, agora estou numa região de cidades menores e gente mais aberta, mais simpática, que não pensa duas vezes antes de me ceder um lugar para montar a barraca e passar a noite, está sempre disposta a bater um bom papo e que comparte o pouco que tem. Mais uma vez comprovo que quem menos tem é quem mais divide, quem mais ajuda o próximo, mesmo que seja um completo desconhecido.

Daqui de Catamarca começa aos pouquinhos a subida dos Andes. Aos pouquinhos no começo, porque já me avisaram que depois de tucumán, a 130 km daqui, a estrada já é vertical. Vejamos como vai ser...

Enfim, seguindo adiante, pedaleando pela suramérica, conhecendo lugares impressionantes e pessoas encantadoras.

15 comentários:

  1. Muito mais importante são as relações humanas, do que as paisagens. Sempre será assim, pros que tem no mínimo um pouco de sensibilidade.

    Sua viagem tá linda cara! Muito auto-conhecimento e amor pra você!

    ps. Encontrei essa menina hana, sei lá, indo pro rainbow da praia grande esse fim de semana! hehe

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  2. é, bicildo... realmente coisa pacas comprimida num post so. fico até confusa pra comentar coisas pontuais! hehe. assim, deixo, mais uma vez (e sempre) minhas energias positivas pra que a viagem continue sendo linda pra voce! espero encontrar-te em breve.. e que voce ainda noa esteja esteril de tanto pedalar! han! =P
    beijo, amigaozinho!

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  3. Irado Bici! Adorei sua aventura uhul! Se cuida, bjs!

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  4. aahh amigo que delicia ver suas fotos e ver que vc ta otimo!!!
    se joga!!!
    ah, e te ho certeza que essa garrafona na mao da jojo é cachaça, fala ai! rs
    mil bjs
    Aline Tudoi

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  5. ladrão !!! : )


    só fotão.
    paz e bem.

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  6. que isso! muito irado!
    bons passeios!

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  7. Você faz uma celebração á vida. Uma maravilha. Grato pelo relato, ab e boa sorte SIDÃO

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  8. querido, que linda está sua viagem!!! morro de inveja do bem, queria estar contigo!!!
    tudo de bom na pedalada!!!
    saudades
    didi

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  9. Bici, querido!
    mesmo com post grandes, não me canso de saber notícias suas, nessa sua garupa aí tão especial.
    Adorei a parte dos ciclistas e das cidadezinhas pequenas de pessoas simples...é tão bom saber que vc está bem, bem acompanhado, bem acolhido, bem feliz!
    Conte-nos mais....

    Beijocas da Broch

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  10. Incrível, bike! Nem sei o que destacar, tudo que vc relatou parece ter sido fantástico... Lembra que a gente tava conversando sobre que praias visitar no Peru, perto de Arequipa? Então, acabei conhecendo Mejía e Mollendo, não são bonitas como nossas praias, mas são bem legais; Mejía é bem tranquila e Mollendo, cheia de gente.
    abração

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  11. E aí Léo!? Mandando ver na estrada, parabéns!

    Quando falou em Lajes-SC lembrei há alguns anos quando passei por lá. Saudades...

    Grande abraço!

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Fala rapaz!

    Parabéns pelo belo trabalho. Vc está construindo um belo capítulo da sua vida. Mandou bem a vera!

    Sucesso! Volte com segurança! Grande abraço,

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  14. Se quiseres ir a Porto Velho - Rondônia, avisa. Tenho conhecidos lá! ;)

    Beijos

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